- Morte, talvez?!- Mexe a sobrancelha direita e o canto da boca. Ele brinca para espairecer seus pensamentos. Foi um desejo involuntário, de associação somente. Chega mais para beira do sofá, tenta puxar um cigarro no bolso do jeans apertado. Quando ele liga o isqueiro faz menção de dizer algo, ela o interrompe:
- Não diga! – ela fala. Ao mesmo tempo, coloca a sua mão trêmula, na boca dele que se aquieta com o tocar da pele branca, fria. Ficaram a mercê do medo. Olharam-se outra vez. Ele larga o cigarro gira a cabeça com a mão, segurando firme em seus cabelos. Como se pudesse, assim, impedir ou mudar o que iria fazer. Ela descruza as pernas que estavam no sofá, se coloca de perfil para ele, tentando imaginar alguma réplica, assim que ele falasse. Olhando para o abajur que estava ligado. Ainda não clareou.
Ela se cansa, dá um olhar a gota d’água de se iludir, de tentar achar que pode estar errada sobre as suas previsões daquele final. Aproxima-se dele, o sacode chorando. Pela última vez tenta. Ainda não consegue falar. E ele, continua sem reações. Pela última vez ela tem uma atitude desesperada para ter uma reação dele, levanta o braço com força e bate em seu rosto. Na segunda tentativa, ele reage, segurando o braço depressa:
- Amanheceu! - Ela entende e volta para o seu lugar. Nada mais resta, coloca suas pernas cruzadas no sofá novamente, seus braços vedando os olhos. E ele repete pausadamente, vendo a luz do sol entrar:
- Amanheceu.
" Fiz aquele anúncio e ninguém viu, pus em quase todo lugar a foto mais bonita que eu fiz: Você olhando pra mim.
Alto aqui do sétimo andar, longe eu via você. A luz desperdiçada de manhã, no copo de café
Deus sabe o que eu quis foi te proteger, do perigo maior que é você. E eu sei que parece o que não se diz. Pro seu caso é o tempo passar
E foi difícil ter que te levar àquele lugar. Como é que hoje se diz:Você não quis ficar.
Os poucos que viram você aqui, me disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
Será que você vai fugir? "
Los Hermanos - sétimo andar